“Como montar uma loja virtual?”
Henri Claude Le Bourlegat. FOTO: DIVULGAÇÃO
Ao digitarmos essa frase nos mecanismos de busca da internet, recebemos em nossas telas, num átimo, mais de 10 milhões de resultados. A lista traz como destaques anúncios e tutoriais prometendo facilidade na implantação de e-shops. Na prática, porém, os vendedores acabam percebendo que a o desenvolvimento e a gestão de canais digitais traz uma série de desafios.
Quem nunca administrou uma loja digital pode não imaginar que, do seu lado do balcão, a experiência não é tão simples e cômoda como é para o consumidor. Algumas pessoas têm falado dessa questão recorrendo a uma analogia que pode soar a clichê, mas que é irresistível: um comércio virtual é como um iceberg. Enquanto compradores, visualizamos somente sua ponta. Como lojistas, temos de lidar também com os 80% da massa que ficam submersos, longe dos olhos do público – ou seja, tecnologia, operação, atendimento, marketing e o administrativo.
Na retaguarda do negócio, o lojista sem experiência em comércio eletrônico irá se deparar com ferramentas específicas, que envolvem curvas de aprendizado complexas. Exemplos: inbound marketing, trade marketing digital, SEO (otimização para motores de busca), administração das ofertas, gestão de conteúdo, banners, design, ações promocionais, sistemas de pagamento e segurança digital.
É muito difícil um negócio comercial ter tempo e recursos financeiros para contratar ou capacitar profissionais de modo a cobrir todas as necessidades de uma boa operação online. O comércio virtual comporta lógicas e dinâmicas peculiares, e essa noção não é importante apenas para quem possui uma loja física e deseja investir em um e-commerce clássico, isto é, um canal online independente. Vale também para quem quer atuar nos cada vez mais valorizados marketplaces.
Assim como os vendedores devem saber das diversas especificidades exigidas para o sucesso de um empreendimento digital, as empresas de tecnologia devem estar aptas a atender os parceiros com todas as competências.
No nosso caso, decidimos priorizar inicialmente a oferta de soluções completas para marketplaces, incluindo arquitetura e gestão total da loja. Alguns clientes, contudo, acabaram optando por solicitar somente o desenvolvimento de um front-end ou a integração a uma plataforma, abrindo mão dos serviços operacionais. Passadas algumas semanas da inauguração de suas lojas, esses parceiros reconsideraram, procurando-nos para contratar o acompanhamento total.
Também temos ouvido, em interações com o trade e proprietários de marcas, relatos quanto a soluções anunciadas como completas para a montagem de lojas (“suítes”), mas que depois surpreendem (negativamente) com suporte insatisfatório, necessidade frequente de aquisições de add-ons e cobranças inesperadas. Casos assim podem manchar a reputação de um todo um segmento econômico.
A meu ver, nós, provedores de infraestrutura tecnológica, devemos nos posicionar como verdadeiros one-stop shops, ou seja, fontes de enxovais digitais e de experiências de máxima conveniência para os parceiros. Em outras palavras, devemos representar para os vendedores o que os marketplaces já representam para os consumidores. Desse modo, todos saem ganhando.
*Henri Claude Le Bourlegat, fundador e CEO da CaZco Digital